29
Jan 09

Se possuísse o dom da magia, o que mudaria na sua vida?

Responda com criatividade a esta questão e habilite-se a ganhar um dos cinco exemplares de Sapatos de Rebuçado que a ASA tem para lhe oferecer. A frase terá de ter no máximo 250 caracteres e de ser enviada para o e-mail joanneharris@sapo.pt.

publicado por Rita Mello às 17:04

27
Jan 09

 

Sapatos de Rebuçado (ASA) marca o regresso do universo de doces encantamentos que caracterizou Chocolate, a obra, adaptada para o cinema (protagonizado por Johnny Depp e Juliette Binoche), que deu notoriedade a Joanne Harris. Este livro é a esperada continuação do percurso de Vianne Rocher – a suave feiticeira hábil na preparação de bombons, bolos e outras iguarias feitas à base de chocolate –, da pequena Anouk, agora uma inquieta pré-adolescente, e de um novo elemento familiar, a outra filha Rosette.
 
Passaram quatro anos e Vianne vive agora em Montmartre, no coração de Paris, gerindo uma tranquila chocolaterie, sem grande êxito financeiro. A família tenta adaptar-se à nova realidade, procurando integrar-se socialmente num mundo formatado, onde a diferença é olhada com inquietação e desperta animosidade.
 
Por isso mesmo, Vianne decidiu pôr de parte os seus poderes, a sua magia, procurando não se distinguir do comum dos mortais. Só que no processo perdeu uma importante parcela do colorido interior e reduziu o quotidiano a uma sucessão de dias monótonos. Quem mais sofre com a situação é Anouk, incapaz de compreender o comportamento da mãe e cada vez mais distanciada desta, para além de não conseguir uma integração bem sucedida na escola secundária que frequenta.
 
Tudo vai, porém, mudar com a entrada em cena de uma mulher vistosa, calçada com uns sapatos garridos. É esta personagem que irá agitar a estagnada existência de Vianne e respectiva prole e reintroduzir a magia nos pequenos gestos do dia-a-dia. No entanto, há um pequeno preço a pagar, que o livro desvendará.
 
Para todos os que gostaram do universo delicado de Chocolate, estes Sapatos de Rebuçado não desiludem. A tónica está, novamente, agora talvez mais acentuada no preço e peso da conformidade e da uniformização em sociedade e na dificuldade recompensadora de assumir as próprias diferenças e moldar com as próprias mãos o destino individual. Sempre sem perder a magia.
publicado por Rita Mello às 10:41

26
Jan 09

Atenção: se ainda não o fez, antes de pegar neste livro convém ler primeiro Chocolate (não é sacrifício nenhum), e ler é mesmo ler o livro, não alugar o filme com a Juliette Binoche. Alguém convenceu Joanne Harris a escrever a continuação. Geralmente dá mau resultado. As “sequelas”, sejam de livros, de filmes ou de doenças, costumam ser piores do que o “original”. Este é uma excepção: não sendo genial (Joanne Harris tem um problema com os fins), é de uma imaginação que nos ilumina a vida e nos faz continuar a ler.
 
Encontramos outra vez Vianne e Anouk, desta vez em Paris, com mais um bebé e mais uma loja de chocolates, mas desta vez perseguidas pelo encantamento de uma estranha mulher de sapatos vermelhos. Esta é a história de três feiticeiras (quatro se contarmos com a bebé) e do que acontece quando se chocam e se enredam nos feitiços umas das outras: a bruxa boa – Vianne, a bruxa em potência – Anouk, e a bruxa má, a espantosa Zozie de l’Alba, a personagem mais original de Joanne Harris.
publicado por Rita Mello às 14:25

23
Jan 09

Sapatos de Rebuçado continua na perfeição a história de Chocolate. Passado agora em Paris, nas apaixonantes ruas de Montmartre, reencontramos Vianne e Anouk, e ficamos a conhecer duas novas personagens: Zozie, a misteriosa e fascinante mulher com sapatos de rebuçado, e Rosette, a segunda filha de Vianne. A história, repleta de reviravoltas, é agora contada alternadamente, segundo o ponto de vista de três personagens – Vianne, Anouk e Zozie.

 

Não podendo adiantar muito para não desvendar a história, diria que Sapatos de Rebuçado está recheado com os melhores ingredientes de Joanne Harris: magia, Bem e Mal, feitiços e chocolate!
publicado por Rita Mello às 16:32

“O melhor romance de Joanne Harris.”

Financial Times
 
Chocolate era um livro difícil de superar mas Joanne Harris fê-lo em grande estilo.”
Daily Express
 
“Um delicioso conto de fadas urbano, onde sapatos assassinos e mitos astecas se confrontam com o amor verdadeiro e o poder sedutor do chocolate.”
Daily Mail
 
“Joanne Harris está numa classe à parte… Uma leitura absolutamente deliciosa.”
Daily Mirror
 
“Uma experiência de deixar água na boca.”
The Sunday Times
 
“Mais uma leitura mágica e cativante de Joanne Harris.”
Glamour
 
“Um fascinante conto de magia e sonhos perdidos.”
In Style
 
“Brilhante.”
The Sun
 
“Um verdadeiro deleite. Exuberante e fascinante, com um coração místico e sombrio, Sapatos de Rebuçado é um romance para ser devorado avidamente.”
Easy Living Magazine
 
“Espirituosamente subversivo.”
The Independent
publicado por Rita Mello às 16:31

Quarta-feira, 31 de Outubro

Día de los Muertos
 
É relativamente pouco conhecido o facto de, num único ano, serem enviadas a pessoas que morreram cerca de vinte milhões de cartas. As pessoas – viúvas desoladas e presumíveis herdeiros – esquecem-se de suspender o envio de correio e, por isso, as assinaturas de revistas não são canceladas, os amigos distantes não são avisados, as quotas de bibliotecas ficam por pagar. São vinte milhões de circulares, de extractos bancários, de cartões de crédito, de cartas de amor, de lixo postal, de cartões de felicitações, mexericos e contas, que caem diariamente nos tapetes de entrada ou no soalho, atirados displicentemente através de grades, enfiados em caixas de correio, acumulados em vãos de escada, abandonados nos degraus e nos vestíbulos, sem nunca chegarem às mãos dos destinatários. Os mortos não se importam. Mas o mais importante é que os vivos também não. Os vivos preocupam-se apenas com banalidades, completamente alheios a que, muito perto deles, está a acontecer um milagre. Os mortos estão a voltar à vida.
 
Não é preciso muito para ressuscitar os mortos. Uma ou duas contas; um nome; um código postal; nada que não possamos encontrar num velho caixote de lixo, rasgado (talvez por raposas) e deixado como um presente nos degraus da porta da rua. Podemos ficar a saber muito graças ao correio abandonado: nomes, extractos bancários, palavras-passe, endereços de e-mail, códigos de segurança. Através da combinação certa de dados pessoais, é possível abrir uma conta bancária, alugar um carro e, inclusivamente, requerer um novo passaporte. Os mortos já não têm necessidade dessas coisas. Como disse, um presente à espera de ser recolhido.
 
Às vezes, é o Destino em pessoa que faz a entrega, pelo que vale sempre a pena estar alerta. Carpe diem e o Diabo que se dane. É por essa razão que leio sempre a necrologia e por vezes chego a adquirir uma identidade ainda antes de o funeral se realizar. Foi também por isso que, quando vi a tabuleta e, por baixo dela, a caixa de correio a abarrotar de cartas, aceitei a oferta com um sorriso de gratidão.
 
Continue a ler o primeiro capítulo de Sapatos de Rebuçado aqui.
publicado por Rita Mello às 16:30

16
Jan 09

 

Como bem sabem, os livros da Joanne Harris conjugam romance e culinária de uma forma irresistível e saborosa. No álbum Do Mercado para a Sua Mesa, Joanne Harris, uma escritora que adora comida, colaborou com uma ex-chef que adora escrever sobre comida para escreverem um livro de receitas francesas. As duas foram até à Gasconha, onde se inspiraram na profusão irresistível dos mercados rurais franceses. Frutas e legumes da época, queijos regionais, vinhos… os melhores ingredientes combinam-se em verdadeiros pratos de sucesso.
 
Deixo-vos em baixo uma das receitas de Do Mercado para a sua Mesa: "Tourte au Camembert". Esta deliciosa combinação de legumes frescos da época, batatas farinhentas e uma cobertura de Camembert dourada e cremosa constitui um excelente prato vegetariano para um deprimente dia de Inverno.

 

Tempo de preparação: 25 minutos
Tempo de cozedura: 1 hora
 
Para 6 pessoas
 
700 g de batatas
200 g de couve lombarda cortada
1 dente de alho picado
1-2 malaguetas verdes picadas
sal
pimenta preta moída na hora
1 ovo batido
5 colheres de sopa de azeite
200 g de tomate cereja
150 g de Camembert cortado em fatias finas
 
Aqueça previamente o forno a 180 ºC / gás 4. Leve as batatas a cozer durante quinze minutos, escorra-as bem e, quando esfriarem, corte-as em cubos de 3 cm e coloque-os numa tigela. Adicione a couve cortada, o alho, as malaguetas, o sal, a pimenta e o ovo e misture bem. Unte uma assadeira com parte do azeite e leve-a a aquecer no forno. Adicione o restante azeite ao preparado de batata. Retire a assadeira do forno e disponha nela o preparado de batata e os tomates e cubra com as fatias finas de Camembert. Leve a assar durante 45 minutos até ganhar uma tonalidade dourada.
publicado por Rita Mello às 11:50

14
Jan 09

A vida marítima açoriana é espectacularmente variada; cerca de vinte e cinco espécies de baleia visitam as ilhas, e durante a nossa primeira excursão avistamos cachalotes, baleias-bicudas, baleias-piloto e golfinhos.

 
Digo primeira excursão. Ninguém consegue resistir a uma segunda – de facto, podíamos fazer a mesma excursão todos os dias durante uma semana que veríamos diferentes tipos de vida marítima de todas as vezes – peixes-voadores, tartarugas marítimas, golfinhos-piloto. Mas a nossa última excursão foi ainda mais excitante – antes de regressarmos a São Miguel fizemos uma reserva para nadar com estas criaturas.
 
Este é o ponto alto das nossas férias. Vamos seis pessoas para o alto-mar no mesmo tipo de barco a motor que usámos para observar as baleias. A excursão demora uma tarde inteira e, apesar de só duas pessoas poderem estar na água de cada vez, teremos várias oportunidades para nadar. Mas, primeiro, temos de encontrar golfinhos e rezar para que estejam com disposição para brincar. Se houver algum sinal de ansiedade teremos de os deixar sozinhos.
 
Demoramos cerca de uma hora a encontrar o primeiro grupo. São golfinhos-estriados, e eu e a Anouchka somos as primeiras a nadar, entrando lentamente, para não os assustar, na água quente quase tropical.
 
Mergulhamos e ficamos espantadas pela súbita dimensão do ambiente. A água é de um azul luminoso e é tão límpida que conseguimos ver até onde os nossos olhos nos deixam. A profundidade aqui está entre os mil e os dois mil metros – território de Jules Verne – e o simples facto de aqui estarmos é como uma espécie de regozijo assustador. Apesar disso, os golfinhos parecem ter desaparecido – de súbito vejo-os novamente, a nadar a uma certa distância debaixo de mim, vinte ou talvez mais, a prestarem pouca atenção à desajeitada nadadora que está no caminho da luz. E estão a cantar. Ouço-os claramente; uma nota longa, aguda e ressonante que abre estridentemente caminho através da água. Anouchka levanta o polegar na minha direcção; também ela os consegue ouvir e seguimo- -los durante cinco ou mais minutos até que o conjunto de golfinhos se vai embora e nós regressamos ao barco.
 
Repetimos esta experiência mais seis vezes nesse dia e outras cinco no dia seguinte. Encontramos golfinhos-piloto e golfinhos-pintados e nadamos com ambos. Alguns chegam-se muito perto de nós. Mas nada supera aquele primeiro contacto com outras espécies no seu próprio elemento. É uma experiência arrepiante, profunda e quase religiosa que sei que vai ficar comigo durante muito tempo.
 
Apesar disso, a questão é: quanto tempo este pequeno paraíso ainda vai durar? Talvez seja do romantismo que por aqui prevalece, mas depois disto tenho uma certa relutância em escrever sobre estas ilhas, como se se não o fizesse eu conseguiria ajudá-los a preservar esta aura digna de Brigadoon que lhes confere o seu encanto.
 
É que é a escala das coisas que faz com que os Açores sejam tão diferentes e especiais. Apenas com umas dúzias de turistas de cada vez é que se torna aceitável que um restaurante sirva comida cozinhada num tacho enterrado no meio de uma montanha; ou que uma empresa de excursões dispense seis horas, um barco e dois tripulantes para que quatro ou cinco pessoas possam nadar com golfinhos. Mas rapidamente tal deixará de ser possível se o fizerem em grande escala.
 
Por isso não consigo deixar de sentir que testemunhei os últimos dias da Atlântida – alegremente livre (mas durante quanto tempo?) dos excessos do século XXI. E é com uma oração sentida ao deus das pequenas coisas que Anouchka e eu embarcamos no avião de regresso a casa – para, por favor, deixar que as ilhas continuem como estão. Perfeitas – para sempre.

Artigo publicado no Daily Telegraph, no dia 11 de Setembro de 2006. 

publicado por Rita Mello às 10:42

12
Jan 09

 

No terceiro dia, voamos para a cidade da Horta, na ilha do Faial, no grupo central do arquipélago dos Açores. Desde São Miguel, o voo demora uma hora, e, no mínimo, esta ilha mais pequena parece estar ainda mais perto da perfeição.
 
Viver aqui é como estar apaixonado, dizem os nossos guias; e eu percebo bem o que eles querem dizer. Conhecida por ilha Azul pelas suas hortênsias e vegetação, o Faial oferece uma espectacular variedade de cenários numa área bastante pequena, com vales verdes e pastagens de um lado, e os resultados malditos e apocalípticos de uma actividade vulcânica recente do outro. Há um farol semienterrado na cinza vulcânica; uma aérea desértica que se assemelha ao solo marciano; e locais fabulosos para tomar banho à volta de toda a ilha – apesar de existirem algumas praias, as torrentes de lava formaram locais maravilhosos para se nadar abrigados do mar aberto, onde Anouchka pode ficar durante horas a fazer mergulho, escalar rochas e inspeccionar a vida marítima aprisionada nas várias piscinas.
 
À noite, a marina é o local para se estar. A vida nocturna é sociável e pouco sofisticada, e existem vários restaurantes e bares. Nos Açores, quanto mais simples for a comida melhor. Nos hotéis e restaurantes nota-se a influência das escolas de hotelaria na comida, mas quase todos os cafés e os bares têm refeições baratas e saborosas, e o Peter Café Sport na Horta, à beira-mar, é o sítio preferido dos habitantes da ilha, com espetadas de marisco, excelentes bifes, cherne grelhado e saladas, com bom pão, queijos locais e vinhos portugueses.
 
A ilha do Pico fica mesmo ao lado, e o horizonte da Horta é dominado pelo seu cone perfeito. É um vulcão saído directamente de um livro de Rider Haggard, e não resistimos a fazer uma visita de um dia. Pode-se subir até ao cume do vulcão, apesar demorar algum tempo (até cinco horas para subir, dependendo do tempo, e cerca de metade para descer), e é preciso ir-se acompanhado de um guia registado. Uma volta à ilha de táxi oferece uma pequena mas fascinante amostra do Pico, incluindo vistas extraordinárias do próprio pico, de lagos, de uma caldeira mais pequena e do famoso Museu dos Baleeiros – apesar de tanto eu como a Anouchka acharmos que existem formas mais agradáveis de se verem as baleias no Pico.
 
A observação de baleias é uma experiência única, e dizem-nos que o melhor sítio para se tentar isso é no Faial. O nosso barco a motor tem apenas oito lugares sentados, e os organizadores fazem todos os possíveis para as baleias não ficarem perturbadas pela presença de pessoas. Não é permitido mais do que um barco, e mantemos sempre a distância. Fico impressionada pelo cuidado e sensibilidade mostrados pelos nossos guias, e tenho a consciência do raro privilégio de ser ver estes gigantescos mamíferos no seu habitat natural.
publicado por Rita Mello às 18:03

09
Jan 09

Os Açores fazem parte de Portugal e têm uma forte identidade católica, com velas e imagens de santos à venda em todas as lojas de esquina e bancas de jornais. Mas os santos dos Açores são um grupo bastante animado; há festivais quase todos os dias, e na nossa primeira noite em Ponta Delgada, Anouchka e eu comemos na esplanada de um pequeno café, onde (para além de termos desfrutado das melhores e mais frescas sardinhas que já comi) fomos alegremente arrastadas pelos locais para um dos muitos cortejos de rua, com dançarinos, músicos e acrobatas.

 
Qualquer desculpa é boa para uma festa, responderam-me quando perguntei que festival era aquele. Aqui, há tão pouca coisa para fazer…
 
No dia seguinte, parti com Anouchka para descobrir o que havia para fazer. Os nossos amigos da noite anterior ou estavam a ser modestos ou estavam a brincar; a ilha é espectacular em todos os sentidos. Luxuriantemente verdejante, é um paraíso para quem gosta de jardinagem; agapantos, choupas, ervas-ursas e hortênsias que crescem em todo o lado, e qualquer edifício abandonado ou árvore caída é imediatamente devorado pelas ipomeias que cobrem tudo a uma velocidade quase tropical.
 
Nos dias seguintes, visitamos plantações de chá e de ananás; beberricamos sumo de morango junto a uma cratera de um vulcão; visitamos as famosas Lagoas Gémeas, uma verde e a outra azul, em Sete Cidades, e escutamos os relatos românticos e melancólicos de como as lagoas foram formadas (os açorianos são grandes contadores de histórias, quanto mais melancólicas e românticas melhor).
 
Visitamos o vale sulfúreo das Furnas, com as suas águas e lamas em ebulição, recordando-nos de que, apesar dos vulcões açorianos estarem em descanso, estão longe de estarem extintos. No restaurante Tony’s, comemos ananás cultivado localmente, morcela com inhames cozida de forma tradicional debaixo da terra na caldeira das Furnas; e tomamos banho na piscina termal do velho e refinado Hotel Terra Nostra, onde a água da nascente está tão carregada de minerais que até o fato de banho da Anouchka fica oxidado.
publicado por Rita Mello às 17:38

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