Acho que é o Cinco Quartos de Laranja, especialmente por causa da Framboise, a personagem principal. Foi muito divertido escrever sobre ela e gostei muito da personalidade dela; aquela sua atitude de ou-fazemos-como-eu-quero-ou-então-não-fazemos. Gostei também de escrever como uma pessoa de idade, porque há poucas na ficção e porque é raro desempenharem papéis interessantes. Queria desafiar o sentimento geral de que as pessoas de idade não têm paixões, de que não se apaixonam, de que são pacientes, sábias e resignadas com o seu eventual destino. Framboise é tudo menos isso: ela não é muitas vezes uma pessoa fácil, mas é uma mulher de fibra e, apesar de ter passados por experiências terríveis, nunca se perdeu enquanto pessoa. Tive também a oportunidade de escrever sobre ela enquanto criança; mas ela é uma criança estranha, selvagem e independente, muito diferente da maioria das descrições de crianças na literatura. Gosto de criar personagens imperfeitas porque as considero mais interessantes; Framboise tem muitos defeitos, e está consciente deles, mas mesmo assim gosto dela e estou satisfeita por lhe ter encontrado um final feliz no qual eu própria podia acreditar.