08
Jan 09

Joanne Harris esteve nos Açores, em 2006, e apaixonou-se pelo arquipélago, descobrindo as ilhas da fantasia da sua juventude no meio do oceano Atlântico.

 
Leia a primeira parte do artigo que a romancista escreveu para o Daily Telegraph e acompanhe a escritora nesta viagem inesquecível.

Desde sempre me senti fascinada por ilhas. Quanto mais pequenas e remotas melhor. O meus livros preferidos estavam cheios delas – desde Robinson Crusoé a The Search for Atlantis – e passava a maior parte das aulas de Geografia a desenhar furtivamente ilhas imaginárias (e, é claro, desertas), com vulcões, cavernas de piratas, baús de tesouros e águas infestadas de tubarões – ingredientes familiares para quem cresceu com os romances de Jules Verne, Herman Melville e Willard Price.

 
Por isso, é com uma estranha sensação de déjà-vu que aterro com a minha filha Anouchka de treze anos em São Miguel, a maior ilha dos Açores, um arquipélago com nove ilhas vulcânicas estendidas ao longo de 600 quilómetros no meio do oceano Atlântico, como se fossem um colar fabuloso.
 
As ilhas formam três grupos; São Miguel e Santa Maria a leste; o grupo central com a Terceira, a Graciosa, São Jorge, Pico e Faial; e Flores e o Corvo a oeste. Do ar elas são exactamente como as imaginava; a ver-se a espuma do mar nas pontas; salpicadas de vulcões de todos os tamanhos (alguns ainda a fumegar); e enormes áreas de um verde fabuloso.
 
As chegadas no aeroporto são tranquilizadoramente calmas. Apesar de uma descrição dos Açores parecer uma lista das “Dez Coisas Mais Fixes que se Podem Encontrar num Lugar” feita pela Anouchka (um sol fantástico, vulcões em actividade, baleias assassinas, lagos de lama a borbulhar, nadar com golfinhos, plantações de ananás, um mar mais azul do que o que se vê nos filmes e a emocionante possibilidade de se ver uma caravela-portuguesa, a medusa mais mortífera dos oceanos), o turismo ainda parece ter tido pouco impacto na ilha. A vida aqui desenrola a um ritmo lento; os visitantes são genuinamente bem-vindos; há pouca animação nocturna e quase nenhuma criminalidade; e as viagens de curta duração e a sua informalidade são uma magnífica mudança das excursões nas costas de betão de Espanha, em as pessoas são tratadas como gado.
 

A nossa viagem passa por três das nove ilhas: São Miguel, Faial e Pico. São Miguel é a maior, e a sua capital, Ponta Delgada, recebe a maior parte dos visitantes. É encantadora, e parece a Madeira como eu a imagino que tenha sido há cinquenta anos, com a sua marina, o castelo, as suas ruas com calçadas e palmeiras, o seu mercado e lojas e os pequenos cafés acolhedores. E se isto é a capital, adorava ver as zonas rurais; as horas de ponta duram cinco minutos, e nunca tinha visto condutores tão corteses.

publicado por Rita Mello às 18:06

07
Jan 09

O jornal britânico The Independent traz hoje um artigo sobre a casa da Joanne Harris que reproduzo em baixo.

 

Joanne Harris, autora de Chocolate, adora morar no campo: tem o silêncio de que precisa para escrever e pode fazer uma enorme barulheira sem que os vizinhos se queixem.

 

Não gosto de cidades: do corrupio constante e das grandes multidões. Moro actualmente na mesma zona rural onde cresci, e não consigo imaginar outro lugar para viver. Há uma grande diversidade de pessoas na aldeia, que tem o tamanho ideal. Tem algumas lojas e comodidades: um posto dos correios e um pequeno supermercado, para não ter de me afastar muito, mas também temos a consciência de que estamos no meio de nada.

 

Apaixonei-me pela casa devido ao seu espaço exterior; tem à sua volta um terreno de 5 acres, incluindo um jardim japonês com uma cascata, pequenos lagos, pomares, uma horta, um jardim e um pequeno bosque nas traseiras. Para alguém habituada a morar em frente à rua, sabe bem ter finalmente uma barreira a separar do resto do mundo. Tenho uma estufa para onde levo o meu computador portátil para poder trabalhar, rodeada de um grande número de canafístulas – é um dos sítios onde mais gosto de estar.

 

Mudamo-nos para aqui durante a época natalícia, e não era nem quente, nem confortável ou seco. Quando a comprámos, a casa era o resultado de décadas de negligência. Havia baldes estrategicamente colocados em todo o lado. Esteticamente, não estava num estado chocante, mas ainda tinha uma instalação eléctrica do período vitoriano e uma canalização antiquada. Demorou uma eternidade para termos o básico – quando o nosso electricista começa a enviar postais de aniversário à nossa filha, apercebemo-nos de que as obras já se arrastam há muito tempo.

 

Visto de fora a casa parece ser muito maior do que na realidade é. Lá dentro está um bocado desarrumada. Comecei a coleccionar pinturas há pouco tempo, por isso temos um retrato da nossa filha no quarto principal e alguns objectos bonitos espalhados pela casa. O meu marido é muito mais arrumado do que eu. Tenho uma tendência para acumular lixo, mas apenas no espaço confinado à minha biblioteca/estúdio, não cobrindo todas as superfícies. Gosto de pensar nisso como lixo criativo.

 

publicado por Rita Mello às 17:14

05
Jan 09

Há cerca de um ano, por altura da edição de Sapatos de Rebuçado, a Waterstone's Books Quarterly publicou uma excelente entrevista com a Joanne Harris, que vos reproduzo em baixo.

 

 

Os livros de Joanne Harris são como o chocolate negro – doces e intensos – e a sequela de Chocolate é um dos seus mais ricos até ao momento.

 

Apesar de Chocolate não ter sido o primeiro romance de Joanne Harris a ser publicado – essa honra pertence a The Evil Seed, lançado cerca de dez anos antes – foi aquele que a introduziu no imaginário do público comprador de livros e que lhe trouxe um enorme sucesso que continua desde então. Agora, oito anos depois, Joanne Harris regressa ao mundo de Chocolate e às personagens Vianne Rocher e à filha Anouk em particular, no seu mais recente romance, Sapatos de Rebuçado. Joanne Harris teve sempre a intenção de escrever uma sequela da sua obra mais famosa?

 

“Não de todo”, refere a escritora a partir da sua casa em Huddersfield. “Em primeiro lugar, não considero que seja uma sequela, e apenas teria escrito uma continuação se já soubesse o que ia acontecer. Acho que precisava que passasse um certo tempo antes de ter outra história para escrever sobre estas personagens.”

 

publicado por Rita Mello às 14:53

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